É muito comum que o bebê, a partir do terceiro mês, recuse o seio materno por alguns dias. Essa recusa, sem motivo aparente, é denominada greve de amamentação, nursing strike ou breastfeeding strike. Conheça a greve de amamentação, suas causas e como agir neste período.
Quando um bebê recusa amamentação por alguns dias (mais ou menos 4 dias), muitas mães acreditam que seu bebê não quer mais o peito ou rejeita seu leite, o que pode levar a stress, culpa, percepção de que seu leite é fraco, que produz leite insuficiente ou pensar que seu bebê a está rejeitando como mãe.
O período da greve, além de poder significar desmame caso a mãe não identifique e trate a dificuldade, também pode levar a problemas de alimentação infantil, com consequente quadro de desnutrição ou infecções, de acordo com Chidiebere et al, (2016). O problema pode ser superado se os pais conhecerem as causas e souberem lidar com o bebê. Dessa forma, o retorno à amamentação pode ocorrer e se prolongar, seguindo seu curso normal.
Apesar de ser mais comum após os 3 meses, a greve de amamentação pode ocorrer em qualquer fase da vida do bebê. Na verdade, ela é bastante comum e não deve ser confundida com desmame natural. Apesar de não haver causa aparente, os pais devem estar atentos a algumas possibilidades (LLL, 2007; Nayyeri et al., 2015):
- Causas Infantis
– doença da criança
– erupção dentária
– stress do bebê
– excesso de utilização de bicos artificiais (chupetas e mamadeiras)
– problemas respiratórios (inclusive obstrução nasal) ou infecciosos
– refluxo gastroesofágico
– separação da mãe (início da adaptação à creche, por exemplo)
– lesões cerebrais
– dor posicional ou após vacinação
– aftas ou monilíase
– infecção de ouvido
– distrações frequentes na mamada
– sensibilidade a algum medicamento/alimento que a mãe tenha ingerido ou produto (sabonete, por exemplo)
- Causas relacionadas à mãe
– stress na mãe
– problemas familiares
– mastite
– mudanças no padrão de cuidado com a criança
– uso de medicamentos
– reação à mordida do bebê (por exemplo, quando ela grita, o bebê pode se assustar e se negar a mamar por alguns dias)
– mudanças na rotina (viagens, mudanças, luto, brigas excessivas)
– limitação das mamadas (quando a mãe não amamenta em livre demanda)
– super estimulação do bebê
– deixar o bebê chorar
– uso de cremes ou pomadas nos mamilo
- Causas relacionadas a produção láctea
– mudança no sabor do leite (por exemplo por nova gestação, uso de medicamentos ou mudanças na alimentação)
– redução do volume do leite (especialmente quando a mãe retorna ao trabalho e não consegue manter a produção com ordenha de leite no horário de trabalho)
Com paciência e persistência é quase sempre possível convencer o bebê para voltar à amamentação e, desta forma, ambos podem continuar a desfrutar de seus benefícios. A mãe precisará ordenhar seu leite durante este período e oferecer em copo ou colher, pois suas mamas poderão tornar-se engurgitadas e doloridas. Não se deve oferecer este leite por mamadeira, pois corre-se o risco de desmame. Para garantir a ingestão adequada de volume de leite, analisar a enurese (xixi) e seu aspecto (se está claro e sem cheiro). Sempre oferecer a mama em ambiente calmo, sem distrações, com tranquilidade e vínculo com o bebê.
Algumas dicas para retornar à amamentação:
– oferecer a mama ao bebê quando ainda estiver sonolento
– experimentar várias posições
– amamentar em pé, embalando o bebê
– preconizar o contato pele a pele, carinho e atenção
– dormir com o bebê próximo (cama compartilhada ou berço próximo da cama da mãe)
– manter o bebê no sling
Em alguns dias o bebê deve retornar à amamentação, pois certamente ainda não está preparado para o desmame, que se dá, naturalmente, entre 2 anos e meio e 4 anos de idade.
