Por que os bebês acordam tanto durante a noite? É porque o padrão de sono do bebê é completamente diferente do sono do adulto.
Esta é uma informação importante para que os pais entendam que é muito difícil um bebê dormir a noite toda, especialmente se for amamentado. Mesmo que seja alimentado com leite artificial, poderá acordar várias vezes na madrugada.
Como todos os demais aspectos da vida do bebê, o sono também passa por um processo de maturação dos estados de sono e vigília e essa maturação é biologicamente determinada, ou seja, não adianta fazer nada para que isso aconteça mais precocemente. O organismo tem um tempo determinado para que a maturação aconteça.
O ritmo de sono do bebê, especialmente até 3 meses, é o ultradiano, diferente do adulto, cujo ritmo é circadiano (ritmo de 24 horas).
O ritmo ultradiano não tem um ritmo adequado devido à imaturidade da glândula pineal (estrutura responsável pelo sono, localizada no cérebro), que é rudimentar no recém-nascido.
Isso significa que o padrão de sono do bebê é fragmentado e por isso ele pode acordar várias vezes durante o dia e à noite. A maturação ocorre com o tempo, com o crescimento da criança, portanto, é importante conhecer essas particularidades para que os pais não fiquem ansiosos ou preocupados sem necessidade.
O desenvolvimento dos estados de sono/vigília está vinculado com o amadurecimento do Sistema Nervoso Central e é de extrema importância para o desenvolvimento infantil.
O bebê apresenta, por exemplo, maior duração de sono REM (sono que permite os sonhos, com grande atividade cerebral e flacidez e paralisia funcional dos músculos. É o sono reparador) do que o adulto (o adulto possui padrão de sono REM com ciclos de 20-25 minutos e no bebê, 50 a 60% do sono é REM), porém ocorre redução progressiva desse padrão entre 3-6 meses durante o dia.
Para Geib (2007), a partir dos seis meses deve haver uma redução progressiva do sono diurno e uma reorganização do noturno.
Por esse motivo, os bebês acordam várias vezes durante a noite, somado ao fato de que, quando em amamentação exclusiva em livre demanda, o leite materno é rapidamente digerido, favorecendo o despertar em vários períodos na madrugada para alimentação.
Uma dica que pode ajudar é garantir que o bebê esvazie ao menos uma das mamas e oferecer a outra, caso ainda precise completar a mamada.
Não há regra de tempo, mas é importante permitir que o bebê se sacie para dormir mais (lembrando que o intervalo entre as mamadas depende dessa saciedade também, além do ritmo e fome de cada bebê, necessidade de contato e períodos de picos ou saltos de crescimento).
Para reduzir o cansaço dos pais, uma alternativa é a prática da cama compartilhada ou com o bebê bem próximo à cama da mãe. Como o bebê humano necessita também de contato corporal, a cama compartilhada favorece o contato, facilita a amamentação noturna e melhora o sono dos bebês.
Muitas vezes eles despertam, mas não para mamar, então a mãe pode verificar isso apenas colocando a mão sobre ele e aguardando se dormirá novamente.
Caso necessite realmente de alimentação, pode ser amamentado facilmente e dormirá novamente, com a vantagem que a mãe também poderá pegar no sono com maior facilidade, já que não precisará se levantar, acender as luzes, se sentar, etc.
Apesar de ser cansativo para os pais, especialmente à mãe, saber que o padrão de sono do bebê é diferente do adulto traz alívio e compreensão sobre suas necessidades e possibilidades.
Com o crescimento, o padrão de sono melhora, evoluindo até o padrão circadiano adulto.
