Não sei de onde veio essa ideia de que bebê “chupeta” o seio, e que não se pode deixar o bebê mamar depois de um determinado tempo ou dormir mamando.

Na realidade, todo bebê mama para satisfazer duas necessidades: de alimento, que chamamos de sucção nutritiva e de prazer oral, que chamamos de sucção não nutritiva e saciam essas duas necessidades no aleitamento materno..
Todos os bebês do mundo precisam sugar, pois estão na fase oral, que vai até mais ou menos 2 anos de idade. Essa fase é importante para seu desenvolvimento emocional, por isso, privar o bebê dessa sucção, no seio materno, que é considerado o padrão ouro de nutrição e desenvolvimento facial, é muito prejudicial.
Até alguns séculos não existia chupeta. Ela foi uma invenção da nossa sociedade, especialmente a industrial, quando a mulher precisou se ausentar para trabalhar. Como o bebê chorava não só pela fome mas por falta do contato materno e de sucção não nutritiva, foi oferecida a chupeta como forma de acalmá-lo. Em inglês, a chupeta se chama “pacifier”, ou seja, pacificador, ou cala a boca. Uma forma de fazer o bebê parar de chorar sem incomodar os adultos e sem que seja verificada sua necessidade.
O problema é que, na psicanálise infantil, sabe-se que o bebê chora sempre por uma necessidade e deve ser atendido prontamente, principalmente pela mãe, que faz uma unidade com o bebê. Caso ele não seja atendido, seu incômodo se expressa por uma sensação de aniquilamento ou despedaçamento. Isso é muito forte, não é?
A mãe presente deve atendê-lo, tentar interpretar a causa do choro e resolver seu problema, para que a sensação de completude volte. Se estiver com fome, na amamentação, o bebê supre a necessidade de alimento, do contato e da sucção, por isso é sempre melhor amamentar, deixá-lo sugar o quanto desejar, mesmo que durma mamando.
A chupeta não deve ser oferecida, especialmente para reduzir a sucção no seio, pois esse momento de contato íntimo com a mãe é necessário para a criação e manutenção do vínculo. O seio materno será identificado, posteriormente, como a extensão da própria mãe.
No caso, o correto seria dizer que uma criança que usa chupeta é que “peita” a chupeta e não que a mãe que amamenta “chupeta” o seio, já que a função de acalmar e gerar prazer é da mama materna.
Se o bebê não realizar a sucção nutritiva e não nutritiva pode se fixar na fase oral e desenvolver hábitos orais deletérios como: se viciar na chupeta ou na sucção digital, ranger os dentes, onicofagia (roer as unhas), morder bochechas, sugar os lábios ou a língua. Esses hábitos poderão se prolongar e chegar até a vida adulta com hábitos como compulsão alimentar, tabagismo.
Por isso, mães, quando alguém disser que seu filho está chupetando seu seio e que você deve dar uma chupeta, ignore. Você está preparando seu filho para as próximas etapas do desenvolvimento (fase anal, fálica, de transição e finalmente a fase genital), permitindo que sugue algo (a mama) que promoverá crescimento e desenvolvimento saudáveis, favorecendo seu desenvolvimento emocional e psíquico.

Deixe-o sugar a mama. Bebês que mamam o peito em livre demanda tem 70% menos chances de usar chupeta ou sugar o dedo. Mais um ponto para o aleitamento materno!